21 de abr. de 2012

Monografia - Dicas




Para realizar a minha monografia fui em busca de algumas informações sobre a formalidade dessa confecção. Encontrei o Minimanual de Monografia Jurídica, uma obra de Daniel Rodrigues Aurélio, da Editora Rideel/2008.
Grande foi a surpresa, como já tive que cumprir com essa tarefa anteriormente, em graduação e pós, achava que já sabia o básico, mas percebi que tenho muito que aprender.
Segue um pedacinho só pra vocês ficarem com vontade: 

"Para começar, essa história de escrever difícil é papo-furado. Nenhum manual de redação  científica se prestaria a ensinar um disparate desses. Contudo, a vontade de soar erudito  às vezes bate forte nos corações e mentes dos pesquisadores. Assim, consagrou-se entre  nós uma montanha de vícios de linguagem. É efeito bola de neve, mesmo. Repete-se até  virar epidemia. O sujeito se gradua, faz mestrado, defende o doutorado, vira professor e passa os erros, quer dizer, os cacoetes para frente. Os vícios mais corriqueiros são:
1. Substituir  palavras  por  seu  sinônimo  não  usual.  Exemplo:  “encobrir”  vira  “sobrepujar”; “semanal” é trocado por “hebdomadário”. Num trecho ou outro, vá lá, tem a sua graça. Exagero é pedantismo e trava a comunicação.
 2. Utilizar  a  primeira  pessoa  do  plural  mesmo  quando  o  trabalho  é  realizado  e assinado  individualmente:  “Nós  consideramos  esse  caso...”  ou  “Obtivemos  tal amostragem...”. Essa “coletivização” da monografia é um enigma lingüístico...
3.  O repertório de vocábulos tem de se afastar dos extremos; nem escasso (denotando desleixo e deficiência de leitura), nem floreado (para o monografista não passar por herdeiro temporão dos parnasianos). O parâmetro é a exatidão técnica e a clareza na exposição.  Num  texto  acadêmico-científico  eficiente,  nada  falta,  nada  sobra  –  cada expressão tem uma função definida no conjunto textual. Por essa razão, as ciências dispõem  de  um  arcabouço  de  terminologias  catalogadas  e  denominadas  “termos técnicos”. A despeito da obrigação de se respeitar o jargão técnico, e de zelar para que o estilo não anule o conteúdo, o texto acadêmico-científico não precisa ser desprovido de qualidades literárias. 

Siga abaixo alguns toques para se escrever com elegância, sem se perder na ficção ou no mero discurso panfletário:

1. Ler, ler e ler. A leitura – e compreensão – das obras relativas ao tema desenvolvido trazem fundamentação e coerência à argumentação do monografista. A leitura de obras literárias e jornalísticas apura a gramática e os recursos de vocabulário e estilo.

2. Evite parágrafos quilométricos. Sabe aqueles longos trechos, sem pausas para se tomar  fôlego?  Nos  romances  de  José  Saramago  e  Raduan  Nassar,  esse  recurso narrativo engrandece a obra. Numa monografia, é desperdício de caracteres. Afora a ficção dos gênios, um parágrafo adequadamente estruturado é composto por abertura, argumentação, síntese e fechamento. Edite o parágrafo com as passagens essenciais e, se for o caso, “puxe” uma nota explicativa e continue lá a desenvolver o assunto.

3. Pontue as frases com correção. Use vírgulas, sim, mas não negligencie os ponto-e-vírgulas (;) e os pontos finais (.). Mescle frases curtas e diretas com outras mais longas e digressivas. Preste atenção à pontuação; é o texto quem vai “pedir” vírgulas e/ ou pontos finais. Escreva um capítulo, pare, respire, leia e releia. Coloque-se na posição do leitor. Veja se está compreensível. Muitos monografistas – e escritores – pecam por não fazer esse exercício elementar. A escrita se transforma após uma revisão gramatical.

4. Peça para colegas e professores lerem seus textos. Embora seja uma tarefa solitária, escrever é um modo de se comunicar, e é vital que conteúdo, forma e estilo estejam acessíveis ao leitor. Consulte, se possível, um revisor ou preparador – pior do que texto ruim é texto pontilhado por caneladas gramaticais. Revisar não é escrever, viu?

5. Nada de coloquialismos, gírias e o “internês” do MSN ou do Orkut.

6. Como diria o professor Pasquale Cipro Neto, o problema não é o gerúndio, é o gerundismo. TCC não é script de telemarketing, correto? Fuja do gerundismo, senão a banca examinadora “estará enviando” sua monografia para a lata do lixo.7. Siga o vocabulário jurídico. Por lidar com formalidades, leis e contratos sociais, a norma culta é a marca registrada do Direito. Já as expressões em latim são artifícios retóricos que remetem às origens do Direito moderno. Quando o latinismo for termo técnico – exemplo: habeas corpus –, utilize-o sem medo de ser feliz. Quando houver equivalente em português, tenha bom senso."

E ai, pegou o espírito da coisa?
Boa sorte e mãos à obra.


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