18 de fev. de 2010

Carlos Drummond de Andrade

Até os grandes poetas tem momentos de furia!
Veja:

"Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.



A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste.


Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor!
Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.


Até nos mais íntimos lugares.


Eu adormeci.


Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.


Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.


Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar.


Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.


Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.


Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.



Só assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo Filho da Puta!!!!"

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